28/8/2016
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Ester despertou sufocada em um lugar escuro, com uma sensação
espacial de vazio completo, seu coração estava lento, a temperatura era baixa,
e seu corpo parecia estar em câmera lenta em suas funções, como se ela fosse um
filme em slowmotion, mas se movia
como se fosse normal estar daquela maneira. Levantou-se do que julgou ser o
chão e direcionou-se para o que era a a sua frente, até que a luz começou a
chegar, estava diante de uma casa parecida com a sua, mas havia diversas coisas
diferentes.
Explorou o ambiente e encontrou dentro do quarto uma outra Ester,
que lia um livro, porém, na parede, onde em seu quarto havia a lembrança doa
maternidade com seu nome, havia o nome de Linda. Ester bateu no vidro da janela,
foi atendida por Linda, que ficou espantada, Ester chorava e disse: sou sua
irmã gêmea. Depois de explicações e estranhamentos, Linda acreditou em tudo o
que Ester dizia e deixou a garota entrar em sua casa, estavam sozinhas. Os pais
trabalhavam. Ester era convincente. Era tudo mentira. Pediu algo para comer e
disse que fugira do orfanato atrás da verdade. Lá, no ambiente onde havia diversas
maneiras de se livrar da sua doppelganger,
encontrou a faca mais próxima e encravou em suas costas, saindo correndo para
retornar a zona morta de onde viera.
Ester chegou à zona morta e suas funções voltaram a
diminuir, ela se sentou no meio daquele lugar escuro e se colocou a pensar com
cuidado e tentar decidir qual seria a melhor maneira de agir para que
garantisse que a exclusividade de suas ações pudesse se dar ao ponto de sua
experiência única garantisse a extraordinária façanha de quebrar a barreira da
paralelidade, impossível até então, pelo que se sabia, para a ciência e a
religião. Se ela realizasse a façanha desse tornar o único exemplar e si, mesmo
que de forma antinatural, indo contra a natureza que permitiu que ela fizesse
isso, o caos se propagaria e o universo se dilataria?
Era pura vaidade?
Imoralidade?
Se não havia limite, testar e encontrar o limite deveria ser
o seu dever. Levantou-se, se empertigou com o frio e se encaminhou para a
empreitada ferrenha de eliminar-se de mais uma linha temporal, paralela,
espacial e física que não entendia, e que não aceitava. Em algumas ela não se
encontrava, pois nem viera a existir. Noutras ela já havia morrido, e isso a
satisfazia, pois não era regozijador dar cabo a si mesma tantas vezes, mesmo
que não fosse assim que ela visse, era o seu rosto, com manchas, espinhas, cicatrizes,
sotaques, cegueira, mudez...
Em geral a estúpida sempre acreditava em sua história, até
que encontrou as gêmeas, Lídia e Lidiane. Aí teve que fingir que era na verdade
convencida por elas de que eram trigêmeas ou parte de algum programa do governo
que as clonavam e espalhavam pelo mundo e acompanhavam os experimentos
socioculturais que se tornavam. Essas foram as mais engraçadas. Passou um
tempão com elas. Foi difícil envenená-las daquele jeito.
Um dia, não conseguia mais encontrar a zona morta, aquele
lugar todo escuro que a fazia conseguir encontrar os caminhos para essas
meninas tão estúpidas de si mesma. Ficou presa naquele lugar, em que já tinham
dado como desaparecida a sua doppelganger.
Viveu nas ruas, como uma mendiga até desaparecer para si mesma.
Em seu mundo, aquele onde ela era Ester, Maxine, a
enfermeira que cuidava do corpo ligado a aparelhos, teve enfim a oportunidade
de lidar com aquele problema e desligou o suporte artificial de vida que a
sustentava.
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Sempre do ponto de vista de crianças, suas protagonistas, os contos
da Obra Perturbadora pretendem mexer com seu leitor, trazendo
experiências de leitura com finais abertos e incongruências propositais,
que podem até parecer em primeiro momento uma falha da autora, porém, o
resultado no leitor é, em geral, atingido e previsto durante a sua
produção.
Prepare-se para sentir estranheza, insegurança, suspense, violência, e
principalmente a expectativa que traz a melhor sensação do suspense. A
autora busca em alguns contos contextualizar o seu leitor para depois
apresentar um desfecho incongruente ou violento, ou de uma forma muito
distinta não contextualiza o leitor e dá toda a situação ocorrida e o
que se espera é que a experiência do leitor trabalhe com as questões que
surgem, de forma a trazer à tona a própria identidade do leitor, seja
instigando-o a buscar respostas que não terá, a se revoltar com a falta
de informação desejada ou a lidar com o prazer da sensação atingida na
leitura. Que tipo de leitor é você? Um detetive, que quanto mais
instigado mais busca saber? Um frustrado que para a leitura por não
aceitar o jogo da autora? Um imaginativo que complementa as histórias
com as possibilidades e se delicia, seja com o contexto que lhe é
cobrado ou com o desfecho que é incongruente?
Descubra-se lendo a Obra Perturbadora, contos curtos e rápido de
terror, mistério e suspense que trazem desde os mais clássicos terrores
psicológicos até os mais modernos, influenciados por Edgar Alan Poe,
Stephen King, Lovercraft, entre outros, além de o cinema do século XX e
XXI.
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