quarta-feira, 20 de julho de 2016

Sintonizada na sincronia

20/7/2016



   Estou a ler "O salmão da dúvida", e como sou apaixonada pelo autor, confesso que por mais complexas que sejam as idéias dele em alguns momentos (para mim, diga-se de passagem), a sua escrita e estilo são tão fluentes que me deixam sintonizada e leio mais rápido que, por exemplo, " O retrato de Dorian Grey" (estou tentando terminá-lo desde 2014). Não estou discutindo qualidade ou importância de autores, só mostrando-me um pouco mais.

   Bem, no texto sobre o Frankie e os macs eu me dei conta de forma consciente do quanto ler "O salmão da dúvida" esta trazendo prazer para mim, e uma das coisas que mais me alegram (na verdade excitam, mas não de forma sexual) são os diversos parenteses que Douglas tem usado nos textos e que foram mantidos pelos editores.    De fato o livro é bem intimista, até onde li ( estou no universo, entrevista à American Atheist).   

   Porém, os parenteses... foi ontem que me dei conta ... estes me dão vontade de lamber o livro. Não sou psicóloga pra saber se tenho problemas com a fase oral, mas... se não fosse claramente desconfortável e nada prazeroso eu lamberia todos os parenteses grafados até aqui, pois eles denotam uma intimidade maior do autor comigo, como um adendo, como um comentário a parte em uma conversa comum. Os parenteses me fazem sentir que estou ali, naquela conversa e não apenas como expectadora na leitura do livro. O Douglas me faz sentir incluída.


   Dessa forma, só posso dizer que sinto-me sintonizada na sincronia do livro e do autor pelo fato de estar metaforicamente incluída na conversa com Douglas Adams quando ele coloca seus parenteses, e, metaforicamente, sinto vontade de lamber o livro dele, mesmo que eu não deseje lambê-lo de verdade. E quando me dou conta, na leitura da entrevista supracitada ele termina a sua entrevista assim: "quais são os benefícios de conversar com seus fãs poe e-mail? É mais rápido, mais fácil e não preciso lamber nada." - grifo nosso.

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