30/7/2016
Há coisas que sabemos e há
coisas que percebemos, de uma maneira interna, como um conhecimento novo
adquirido e desenvolvido que pode nos transformar como pessoas e o que há em
nossa volta. Bem, esse ano aconteceu mais uma vez comigo e posso dizer que
estou bem chateada com a constatação que fiz: a educação se faz através de um
sistema fordiano há anos e ainda se mantém assim.
Bem, para começar, o sistema de
Ford é ligado à indústria, e se resume assim:
O
objetivo principal deste sistema era reduzir ao máximo os custos de produção e
assim baratear o produto, podendo vender para o maior número possível de
consumidores. Desta forma, dentro deste sistema de produção, uma esteira
rolante conduzia a produto, no caso da Ford os automóveis, e cada funcionário
executava uma pequena etapa. Logo, os funcionários não precisavam sair do seu
local de trabalho, resultando numa maior velocidade de produção. Também não era
necessária utilização de mão-de-obra muito capacitada, pois cada trabalhador
executava apenas uma pequena tarefa dentro de sua etapa de produção.
Sendo assim, só nos falta mesmo inserir a esteira. Digamos
que ela seja uma metáfora e que a sala de aula é um sistema de produção no qual
cada pessoinha que se insere lá sairá um adulto com os sistemas e aplicativos
mínimos necessários para que se desempenhe seus papéis sociais na nossa SOCIEDADE.
Me dei conta disso quando relacionei a nova maneira de
lidar com o conteúdo e os tempos de meus alunos, o que deixa eles bastante
diferentes e garante que no mínimo eu cumpra uma boa parte dos conteúdos com
cada um, e se dá em gerenciar materiais diferentes para os grupos específicos
de maneira que eles possam trabalhar em seus tempos os conteúdos que precisamos,
como uma indústria, contemplar.
Neste contexto Huxelinano podemos inserir ainda os
prazos que devem ser cumpridos: dos seis anos aos 18 de ensino básico e médio, e
o que vem depois não é mais de responsabilidade da sociedade, mas ainda assim,
se o aluno quiser colocar em si outros complementos para se tornar um modelo
melhor para o público que atenderá, ele irá para uma esteira na educação técnica
e superior, onde os parafusos serão colocados nele.
Bem, esse sistema é o que vejo em muitos lugares. Eu
estudei neste sistema. Estudei em diversos momentos de minha vida, desde que me
lembro e o faço ainda hoje, mesmo nos cursos tidos como criativos de desenho e
artísticos, de redação e escrita criativa. Todos querem, esperam e acham que o
tradicional é mais fácil, melhor e assim vai. Há muitos que ainda sustentam os
castigos físicos e psicológicos como uma condição necessária para o
desenvolvimento do aluno na educação, mas não aceita que eles façam, por
exemplo, a manutenção do prédio da escola como parte dela.
Bem, já ouvi de outros sistemas educativos como a
escola balcão, ou mesmo a maneira que o próprio Platão ensinava nas praças
públicas da Grécia: a dialética. DIÁLOGO.
Educação, mesmo que pareça que saibamos que não deve
ser assim, ainda é bancária e precária. Ela é um monólogo do professor para o
aluno, nada mais. Tentar sair disso é uma condição hercúlea e difícil para nós,
e eu, que posso me julgar uma professora que tenta em suas experiências diversas
praticar formas de ensino que tragam uma postura de ator ao alunado, tenho
dificuldades de entender e manter essa prática, visto o sistema Fordiano que
temos que encarar, numa esteira na qual em 45 minutos, como especialista da área
de Língua Portuguesa, devo construir conhecimentos preestabelecidos para os
alunos diversificados que tenho em um número médio de 35 por turma. Tenho que
colocar a cada aula parafusos de área específicas, que junto aos parafusos das
outras áreas formarão um sistema que depois espera-se que vire um cidadão, ou
algo próximo.
Agora me diga, você gostaria de dirigir este Ford
depois de pronto?
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