terça-feira, 2 de agosto de 2016

Quem bate à porta?

2/8/16
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Claramente ele aproveitaria para ver os filmes que ele tinha guardado que seus pais não lhe deixariam ver por serem violentos demais, fortes demais, e assim vai. Na verdade, ele tentou ir ver "A morte do Demônio" no cinema, mas não conseguiu, e era um dos que ele tinha guardado para ver escondido.
Ele preparou tudo para assistir, sua pipoca estava cheia de manteiga, o cachorro já estava aconchegado na almofada e ele preparou cobertores, pois estava bem frio naquele treze de julho de suas férias escolares. Apagou a Luz e sentou-se no sofá, deu play no filme e enquanto iniciava ouviu um barulho estranho no corredor da entrada de casa.
Ricardo pausou o filme, espreitou com seus ouvidos e aguardou. Nada. Deu Play novamente. Mas, sentiu que seus ouvidos ficavam ali. Inclinados para a porta da entrada, que tinha vidros e a janela de vidro ao lado. Aquilo era uma coisa que o chateava, pois sempre ficava imaginando quem poderia estar espreitando do lado de fora, enquanto ele espreitava do lado de dentro.
O filme começou e ele não conseguia se concentrar, houve mais uma vez o mesmo barulho, seguido por três vezes, e o cachorro reclamou, levantou e começou a rondar a porta. O coração de Ricardo bateu mais forte e ele não sabia o que fazer. Levantou e acendeu a luz do corredor, assim poderia ver quem estivesse lá fora, mesmo que fosse apenas a sua imaginação.
O cachorro começou a arranhar a porta, latir e uivar, não obedecia ao seu dono. Ele não ia abrir a porta de forma alguma, não era bobo. Virou-se e pegou o celular para ligar para sua mãe. Não ia falar que estava com medo, só ia conversar para ver se se sentia mais calmo, enquanto estava virado para a janela discando algo bateu levemente na janela de vidro, quando Ricardo virou-se a porta estava aberta e o cachorro tinha saído por ela e não latia mais. Houve uma sensação de esmorecer muito grande que o fez endurecer.
- Oi filhão, tudo bem? Já é meia noite, mas não se preocupe, estamos indo para casa, já! Ricardo... Ricardo?... amor, - a mãe de Ricardo virou-se para o marido e afirmou: - o Ricardo ligou, mas não fala nada...
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Sempre do ponto de vista de crianças, suas protagonistas, os contos da Obra Perturbadora pretendem mexer com seu leitor, trazendo experiências de leitura com finais abertos e incongruências propositais, que podem até parecer em primeiro momento uma falha da autora, porém, o resultado no leitor é, em geral, atingido e previsto durante a sua produção.
Prepare-se para sentir estranheza, insegurança, suspense, violência, e principalmente a expectativa que traz a melhor sensação do suspense. A autora busca em alguns contos contextualizar o seu leitor para depois apresentar um desfecho incongruente ou violento, ou de uma forma muito distinta não contextualiza o leitor e dá toda a situação ocorrida e o que se espera é que a experiência do leitor trabalhe com as questões que surgem, de forma a trazer à tona a própria identidade do leitor, seja instigando-o a buscar respostas que não terá, a se revoltar com a falta de informação desejada ou a lidar com o prazer da sensação atingida na leitura. Que tipo de leitor é você? Um detetive, que quanto mais instigado mais busca saber? Um frustrado que para a leitura por não aceitar o jogo da autora? Um imaginativo que complementa as histórias com as possibilidades e se delicia, seja com o contexto que lhe é cobrado ou com o desfecho que é incongruente?
Descubra-se lendo a Obra Perturbadora, contos curtos e rápido de terror, mistério e suspense que trazem desde os mais clássicos terrores psicológicos até os mais modernos, influenciados por Edgar Alan Poe, Stephen King, Lovercraft, entre outros, além de o cinema do século XX e XXI.

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