Por
Laura Lucy Dias
Quem já ouviu falar em Bakhtin? Bem... eu
não tive como escapar dele, e uso esta maneira pessimista para dizer de meu
contato com ele devido a maneira traumática em que se deu.
Lembro-me
claramente de que ele vagava na penumbra de minha deficiente graduação, até qeu
eu resolvi me especializar em literatura. Lá, em meu primeiro semestre, tive
que ler um artigo dele, publicado na série debates. Acho que só não foi mais
difícil do que o "Grande sertão: veredas".
Eu
acredito que li e reli aquele artigo uma oito vezes, isso antes de utilizar
aquela teoria para analisar um conto fantástico. Não entendi 60% do artigo, e não
digo que a teoria seja extremamente complexa. Ela é complexa, mas torna-se
quase impossível pela retórica do Russo.
Desde então eu venho sendo perseguida por ele em minha formação e profissão.
Ele está tanto nos concursos quanto nas horas de formação coletiva, além de ele
insistir em ser pedra no caminho das minhas formações contínuas!
Esta introdução toda serve para mostrar o passo a passo para chegar nesta
formação que teve o seu último encontro em dezembro de 2012. O formador é
muito complexo e tem conhecimentos em psicanálise, nos apresentou no segundo encontro
(de novembro) a questão das vozes no texto, que pertence a este teórico. Mas ao
apresentar esse ponto o formador expôs a possibilidade de que Bakhtin tenha
escrito a sua teoria de forma camuflada, e ele queria realmente dizer:
Vozes no texto = vozes na minha cabeça
Realmente me diverti com a imagem. Em sua biografia o Russo conseguiu ser
exilado. Ele revolucionou o mundo e o que ele queria dizer era ia além
das questões linguísticas. Não sei se isso é ideia do formador, acredito
que não, porém foi ele quem mo apresentou.
Imaginem Bakhtin buscando maneiras de se expressar sem ser condenado na Rússia
de seu tempo, que era da ditadura. Sei que tudo isso é terrível, mas paro para
pensar: "Será que foi por isso que ele escreveu de forma quase intraduzível?"
(pelo menos para os leigos). É triste, porém insisto e confirmo, como dizia a
uma amiga da pós-graduação, que é tiete dele:
"Dá para entender o motivo do exílio, pois ele era muiiiito chato!"
Os
russos quiseram apenas evitar a formação de um senso comum do tipo: "vai
ser chato assim lá na Russia!"
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