Por Laura Lucy Dias
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Retirado desse link |
Ontem perguntei ao meu marido: "Como
está se sentindo?", depois de o Corinthians ganhar o mundial. Ele disse
que não gostou, desconversou. Perguntou o que eu estava sentindo, e eu disse
que estava feliz pela conquista deles. Ele não gostou
"mais ainda".
Ele é São Paulino e ficamos felizes,
essa semana, com o título deles. Porém eu não gosto de futebol, e vinha
perguntando à ele o motivo de todos os que não são corintianos não torcerem por
eles (os que eu sabia que faziam isso), já que estavam representando o nosso
país nesse campeonato, eu apenas queria tentar entender.
Pensei depois: "Ah, eu não devo
entender por não gostar de futebol.", até que hoje eu abri o Facebook e me deparei com o comentário
de um grande amigo, São Paulino, que vinha fazendo campanha por seu time até a
vitória sobre os tigres: " Bom, futebol é isso: parabéns ao Corinthians,
campeão mundial. Chelsea, recolha-se
a sua baixeza e nunca mais elimine o Barcelona de nenhum torneio
europeu.". Não havia reparado que ele não fizera campanha contra o
time rival.
Eu li isso e pensei em vir escrever,
enquanto a TV estava ligada no Mais Você. O Loro José com toda a
parafernália preta e branca, a Ana de roupas de apresentadora, nada de
fantasias. Começaram a falar sobre a vitória e ela disse: "Como palmeirense
que sou, posso dizer que tenho orgulho do Corinthians".
Nesse ponto eu parei para pensar
novamente: "Opa, eu não tenho rivalidade com time algum, e sinto-me feliz
com o título deles. A Ana Maria é palmeirense... meu amigo não disse estar feliz,
mas não demonstrou estar com raiva.". Pois é, não é necessário sentir
raiva do time campeão, só por que não é o seu.
Em uma dessas vezes que perguntei
sobre a torcida contra, meu amado respondeu-me que se fosse o Santos, ele
torceria a favor. Então, o problema era o time que estava lá. Acho que o
fato de torcer contra é o senso comum de se ter um inimigo específico, que faça
a gente extravasar a raiva e que vista a camisa de todos os males
sociais, e tal. Eleito o Corinthians aqui em São Paulo. Então a cultura de
torcer contra é uma escolha que está arraigada no inconsciente coletivo e é
promulgada de geração a geração.
Todos os times têm uma característica
que faz a sua imagem, pelos seus rivais. O Corinthians é de maloqueiro e
bandido. Meu pai não é maloqueiro, os professores que trabalham comigo também
não. Meu... fiquei encantada com uma reportagem do Bem Estar, que
entrevistava corintianos após o gol. Um deles respondeu que para ele essa
vitória era uma CATARSE. Meus olhos brilharam, e então, há cultura na cabeça
deles.
Meu marido não é homossexual, nem os
professores da escola ou meu amigo... apenas há um time que agrada àqueles que
têm uma formação mais adequada, e por ser aparentemente elitista, é apreciado
por aqueles que tem este perfil, ou busca essa posição social.
Acho que no fim das contas, a herança
de intolerância dentro desse esporte continua me mantendo afastada. Se eu fosse
torcer por algum time, seria por aqueles europeus que têm modelos e
"pensadores", homens formados e que sabem dar entrevistas, em vez de
homens que nem pensam em estudar até o Ensino Médio, mal sabem falar e, ainda
por cima, são quase interessantes...
Acho que aqui sobra futebol e
agilidade, malandragem e superestimação daquelas pessoas que ganham saindo do
fundo do poço, mas sem esforço maior de subir de maneira qualitativa, apenas
quantitativa. .
Não entendo a rivalidade a qualquer
custo, não apoio a rivalidade a qualquer
custo. Quero que as próximas gerações sejam solidárias e saibam praticar esportes
e torcer apenas pelo esporte, sem pensar em "critérios sociais" para
que se faça isso. Pobres, brancos, homossexuais e mulheres deveriam ter
prazer de jogar e celebrar o campeão. Aqueles que estão ao lado do time
vencedor devem ter o direito de comemorar a sua vitória, e aqueles que não
estão do lado do que levantou o troféu devem poder olhar e compreender,
parabenizar e não achar que a vitória do outro lhe faz um perdedor.
Pessoal, isso é SÓ futebol!
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