domingo, 2 de dezembro de 2012

Meu Rosto



À Steven Tyler



Às vezes quando olho no espelho

Percebo quão estranha sou de mim,

Vejo um rosto irônico e velho

Rindo do meu passado, estou rindo sim…

…Tristeza aflora na alegria

De ver um rosto sem beleza,

Cheio de pouca idade,

Aparentando nos olhos agonia,

Sem expressão ou clareza…

Não vejo mentira ou verdade,

Apenas os traços da dúvida, da dor

Que não me lembro se senti,

Os tapas da vida, a verdade que menti…

Está estampado em minha testa

Aquilo que venerei e não mais importa.

Vejo uma estranha no espelho,

Aprisionando   aquilo que eu pensava ser…

No teatro da minha vida atuei

Os papéis mais diversos, para poder entender

Fui muitas, sem eu mesma ser…

Rugas inexistentes da paixão que triturei,

O medo que me matou,

O amor que me ressuscitou,

Escritos em meus lábios estão

Todos os passos de meu caminho,

E o brilho que meu opaco olhar irradia

Mostra a meu espírito o velho sonho,

O sonho que, morto, vive...

E tudo que tendo eu não tive

Em meu irônico sorriso sobrevive…

Gostou? Essa poesia está em meu livro "Peripécias do ser: júbilos e lamentos". 

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