À Steven Tyler
Às vezes quando olho no espelho
Percebo quão estranha sou de mim,
Vejo um rosto irônico e velho
Rindo do meu passado, estou rindo sim…
…Tristeza aflora na alegria
De ver um rosto sem beleza,
Cheio de pouca idade,
Aparentando nos olhos agonia,
Sem expressão ou clareza…
Não vejo mentira ou verdade,
Apenas os traços da dúvida, da dor
Que não me lembro se senti,
Os tapas da vida, a verdade que menti…
Está estampado em minha testa
Aquilo que venerei e não mais importa.
Vejo uma estranha no espelho,
Aprisionando aquilo
que eu pensava ser…
No teatro da minha vida atuei
Os papéis mais diversos, para poder entender
Fui muitas, sem eu mesma ser…
Rugas inexistentes da paixão que triturei,
O medo que me matou,
O amor que me ressuscitou,
Escritos em meus lábios estão
Todos os passos de meu caminho,
E o brilho que meu opaco olhar irradia
Mostra a meu espírito o velho sonho,
O sonho que, morto, vive...
E tudo que tendo eu não tive
Em meu irônico sorriso sobrevive…
Gostou? Essa poesia está em meu livro "Peripécias do ser: júbilos e lamentos".
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