Laura Lucy Dias
Atividade entregue para a matéria de Filosofia da Educação,para a professora Angélica Hoffer em 2008 - UniAbc.Como
ela publicou para mim, acho que está ao menos bom, mas
de fato... ando inquieta quanto a isso...
Em
nossos dias vemos na prática de ensino muito do que a filosofia já
apontou, em relação ao sofista Protágoras e ao Sócrates temos muito que
observar e aprender.
Realmente
a mistura das duas filosofias ocorre, porém não podemos dizer que de
forma harmônica. A questão do sofismo que se relaciona com a aquisição
de poder ocorre na educação contemporânea, mas não é em relação a quem
adquire o conhecimento e sim em relação a quem o oferece e para quê.
Hoje a visão da necessidade de ter um povo alfabetizado está voltada
para o mercado de trabalho, o que contraria a Sócrates, que acredita que
a educação não deve ser útil, o indivíduo deve aprender para depois
entrar no mercado de trabalho com um conhecimento prévio sobre si mesmo e
necessário para exercer a sua função.
É complicado falar que todo o método utilizado hoje seja tradicionalista,
e que este remonta totalmente ao padrão Sofista, mas não podemos deixar
de notar que simplesmente sua base é acompanhada de pitadas desta
filosofia. Como? Os currículos definem o que será aprendido pelo aluno,
um conhecimento pré-estabelecido é entregue e deve ser aplicado
diretamente na mente do indivíduo pelo professor, que por sua vez não
exercita a prática de ensino além da exposição de conhecimentos que
foram gerados por outros, sem o mérito de discutir e gerar outros
conhecimentos que não estes.
Já
com Sócrates vemos que a necessidade do conhecimento da sua própria
ignorância leva o indivíduo a gerar ideias e isso é uma forma diferente
de se ensinar. A possibilidade de ver o ser através de sua
individualidade e depois universalizá-lo é algo romântico, mas na
prática deve ser pensado, sua correção deve partir da formação de nossa
sociedade e seus pensamentos, e por isso talvez devessemos olhar mais
para a virtude, como Sócrates, para assim entendermos a sua proposta de
ensino e sua filosofia em geral.
O
capital vem antes de tudo para a sociedade na qual vivemos, e sua
virtude é o poder que pode causar, então como podemos em um mundo
capitalista vislumbrar a virtude antes do capital? Talvez esta seja a
pergunta eminente para alterar a base de nossa sociedade, entretanto a
discussão aqui cabe a métodos de ensino, e em relaçao a isto talvez
pudéssemos trazer pequenas alterações, mas estas propostas seriam
barradas na impossibilidade da falta de capital destinado à educação.
Para
a possibilidade da maiêutica, como método de pesquisa, talvez seja a
disponibilidade de material, e principalmente a alteração na consciência
social na valorização do aprendizado desde a infância, o que retornaria
ao cunho político. A questão da retirada do Currículo seria algo que
derrubaria a estrutura do ensino nacional, como ensinar um aluno de
acordo com a filosofia de Sócrates (que leva o aluno a gerar uma ideia)?
Sabemos
que a necessidade de levar ao aluno o conhecimento de coisas
pré-estabelecidas é necessária devido a sua inserção na sociedade, porém,
poderíamos fazer com que ele as pensasse, mediando como tantas
propostas nos trazem, para isso precisamos de alunos mais motivados e
isso leva à necessidade de ensinar o que eles querem aprender. Então o
que faremos? Ele não quereria aprender nada, o professor pode se
esforçar e, partamos do pressuposto que ele tenha conseguido que o aluno
se motivasse, mesmo que através de estímulos ou de alguma outra forma,
então o aluno seria levado à pesquisa, e passaria a formular as ideias
pré-existentes, num processo de desenvolvimento e não de assimilação por
mera exposição destas ideias, e isso levaria o aluno a uma autonomia
que é prevista pelos PCNs e introduzidas pelo neoliberalismo, porém,
tão pouco motivada e mesmo possibilitada.
O
conhecimento para os sofistas era algo que deveria ser condicionado,
isto significa que deveria ser assimilado e não gerado, ao contrário do
que diz Sócrates. Está, também, nas mãos dos professores mudar o
conceito do ensino de hoje, podemos pelo menos tentar fazer com que o
indivíduo tenha sua autonomia, o que pode ser muito mais valoroso até do
que lhe proporcionar a possibilidade de se condicionar a ser virtuoso,
em vez de sê-lo pela essência dos valores adquiridos com a educação,
como Sócrates queria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário