quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Protágoras e Sócrates - Relacionando as filosofias


Laura Lucy Dias
Atividade entregue para a matéria de Filosofia da Educação,
para a professora Angélica Hoffer em 2008 - UniAbc.Como 
ela publicou para mim, acho que está ao menos bom, mas 
de fato... ando inquieta quanto a isso...


Em nossos dias vemos na prática de ensino muito do que a filosofia já apontou, em relação ao sofista Protágoras e ao Sócrates temos muito que observar e aprender.
Realmente a mistura das duas filosofias ocorre, porém não podemos dizer que de forma harmônica. A questão do sofismo que se relaciona com a aquisição de poder ocorre na educação contemporânea, mas não é em relação a quem adquire o conhecimento e sim em relação a quem o oferece e para quê. Hoje a visão da necessidade de ter um povo alfabetizado está voltada para o mercado de trabalho, o que contraria a Sócrates, que acredita que a educação não deve ser útil, o indivíduo deve aprender para depois entrar no mercado de trabalho com um conhecimento prévio sobre si mesmo e necessário para exercer a sua função.
É complicado falar que todo o método utilizado hoje seja tradicionalista, e que este remonta totalmente ao padrão Sofista, mas não podemos deixar de notar que simplesmente sua base é acompanhada de pitadas desta filosofia. Como? Os currículos definem o que será aprendido pelo aluno, um conhecimento pré-estabelecido é entregue e deve ser aplicado diretamente na mente do indivíduo pelo professor, que por sua vez não exercita a prática de ensino além da exposição de conhecimentos que foram gerados por outros, sem o mérito de discutir e gerar outros conhecimentos que não estes.
Já com Sócrates vemos que a necessidade do conhecimento da sua própria ignorância leva o indivíduo a gerar ideias e isso é uma forma diferente de se ensinar. A possibilidade de ver o ser através de sua individualidade e depois universalizá-lo é algo romântico, mas na prática deve ser pensado, sua correção deve partir da formação de nossa sociedade e seus pensamentos, e por isso talvez devessemos olhar mais para a virtude, como Sócrates, para assim entendermos a sua proposta de ensino e sua filosofia em geral.
O capital vem antes de tudo para a sociedade na qual vivemos, e sua virtude é o poder que pode causar, então como podemos em um mundo capitalista vislumbrar a virtude antes do capital? Talvez esta seja a pergunta eminente para alterar a base de nossa sociedade, entretanto a discussão aqui cabe a métodos de ensino, e em relaçao a isto talvez pudéssemos trazer pequenas alterações, mas estas propostas seriam barradas na impossibilidade da falta de capital destinado à educação.
Para a possibilidade da maiêutica, como método de pesquisa, talvez seja a disponibilidade de material, e principalmente a alteração na consciência social na valorização do aprendizado desde a infância, o que retornaria ao cunho político. A questão da retirada do Currículo seria algo que derrubaria a estrutura do ensino nacional, como ensinar um aluno de acordo com a filosofia de Sócrates (que leva o aluno a gerar uma ideia)?
Sabemos que a necessidade de levar ao aluno o conhecimento de coisas pré-estabelecidas é necessária devido a sua inserção na sociedade, porém, poderíamos fazer com que ele as pensasse, mediando como tantas propostas nos trazem, para isso precisamos de alunos mais motivados e isso leva à necessidade de ensinar o que eles querem aprender. Então o que faremos? Ele não quereria aprender nada, o professor pode se esforçar e, partamos do pressuposto que ele tenha conseguido que o aluno se motivasse, mesmo que através de estímulos ou de alguma outra forma, então o aluno seria levado à pesquisa, e passaria a formular as ideias pré-existentes, num processo de desenvolvimento e não de assimilação por mera exposição destas ideias, e isso levaria o aluno a uma autonomia que é prevista pelos PCNs e introduzidas pelo neoliberalismo, porém, tão pouco motivada e mesmo possibilitada.
           O conhecimento para os sofistas era algo que deveria ser condicionado, isto significa que deveria ser assimilado e não gerado, ao contrário do que diz Sócrates. Está, também, nas mãos dos professores mudar o conceito do ensino de hoje, podemos pelo menos tentar fazer com que o indivíduo tenha sua autonomia, o que pode ser muito mais valoroso até do que lhe proporcionar a possibilidade de se condicionar a ser virtuoso, em vez de sê-lo pela essência dos valores adquiridos com a educação, como Sócrates queria.

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