Um conto, que acabei de escrever, hoje, dia 16/7/2014, 22h, para o livro Alterada (o da capa em construção - sendo pintada) para vocês degustarem. O livro será polêmico. Este tema é bastante em si, mas é o menor conto até agora!
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| Capa em andamento |
“Não se nasce mulher, torna-se”, quem
disse foi Simone de Beauvoir.
Isso deve fazer mais sentido para mim
que para qualquer mulher. Não que eu seja mais mulher que elas, mas... o meu
tornar-se mulher foi muito mais complexo que para qualquer mulher.
Que seja. Eu ainda guardo um pênis, que
não é nada freudiano, não estou esperando nada crescer. Na verdade ele nunca
deveria ter estado ali, pois tornei-me mulher. A situação está crítica hoje,
pois estou muito perto de conseguir o dinheiro para fazer a operação para a
troca de sexo.
Estou juntando desde os doze anos. Hoje
tenho 26. Visto-me como a mulher que sou, não tenho orgulho deste órgão que
carrego e se pudesse nem mesmo o usaria para tornar-me mulher em definitivo,
preferiria uma prótese.
Sou mulher em definitivo, mas falar
contigo está me deixando confusa em relação a tempo e espaço. Nasci e um anjo
torto mandou-me ser gauche na vida. Cá estou, danado Drummond.
Sou especialmente bonita por tomar meus
hormônios adequadamente, e os traços que deveriam ser masculinos acabaram por
valorizar-me. Por sorte não sou alta, vejo tantas amigas que são tão ou mais
mulheres que eu e são altas. É um caso para se escrever.
Mesmo com um pênis, muitas vezes consigo
mais casos e namorados que estas. Os homens têm mais medo de mulheres altas que
as que tem pênis.
Isso deve acontecer por um motivo que eu
acho notável e quase ninguém pensa nisso! O fato é que todos nós deveríamos ser
bissexuais. Simples assim. Não haveria problemas em relação ao que fazer e com
quem, pois todos faríamos com quem bem entendêssemos.
Abaixo ao bom selvagem e seu
descobridor. Uma nação global.
Tudo está errado. Não falarei de tudo o
que sofri até aqui, é mais do mesmo, e bah, não quero fazer ninguém chorar.
Quero apoiar, todas as mulheres. TODAS AS MULHERES.
O mundo não é feito pra nós, ele é feito
para guerra. Ele é feito para sofrer e abusar do mais fraco. Operar-me não será
um problema, tenho medo sim, mas de fato... o que me deixa mais triste é saber
que mesmo sendo decidida, talvez eu tenha problemas sérios com isso. Problemas
de ser tratada como uma mulher é tratada em nossa sociedade.
Sem dó e nem piedade, para o restante de
minha vida. Quando eu era um rapaz, até os 12 anos, mesmo sendo uma mentira,
mesmo atuando como qualquer um, eu era considerado. Eu acontecia.
Agora sou gênero feminino, isso é um
avanço, ao menos nós estamos nos unindo na categoria certa. Quem sabe o que
virá depois da operação mental de desintoxicação do machismo e patriarcado que
tanto aguardo? Isso podia ser retirado com bisturi também, é o que eu acho... e
de qualquer um.

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