terça-feira, 20 de agosto de 2013

Superação da bunda mole

   Todos nós já ouvimos algum caso de superação, e devido à forma de serem contadas - seja na mídia ou na vida real (tema para outro momento) -, costumamos reagir com emoção, motivação, alegria e coisas do tipo. Afinal, é sempre bom saber que alguém conseguiu superar um problema.
   Porém, toda superação se faz necessária? Claro que sim, mas temos que chegar ao ponto de necessitar superar algo? Há coisas que são inevitáveis e imprevisíveis, como cânceres, acidentes, perca de membros de nosso corpo ou de nossa família.
   Mas venho falar de superações que podem ser prevenidas e quero aqui listar algumas: superar o tabagismo, as drogas ou o álcool (quando não tudo de uma vez), o sobre peso (e não falo da doença obesidade), problemas gastrointestinais, relações mal resolvidas com filhos/pais, superar apanhar do marido, e assim vai...
   O motivo de eu estar a escrever é muito simples. Estou setada no corredor do Servidor Municipal aguardando o atendimento burocrático para formalizar um afastamento de dois dias. O caso é hilário e já gerou muito riso, de tão tragicômico. Há algumas semanas eu tenho sentido dores no quadril e em uma fadada segunda-feira de agosto de 2013 eu resolvi vir para cá para poder fazer a tal carteirinha e assar na emergência, no ortopedista, já que não estava aguentando de dor. Fui fora do horário para não atrasar para o trabalho achando que seria alguma coisa fácil de resolver.
   Fui atendida por um jovem médico que me diagnosticou clinicamente com apertões na região que indiquei, à esquerda, no quadril. No primeiro ele apertou e perguntou "dói?", não doeu, nem na segunda, mas na terceira... se eu fosse treinada para auto defesa eu teria dado um giraia nele! Que dor infernal.
   "É uma bursite", começou ele a me espantar, "ela ocorre devido à fraqueza do glúteo médio que em contraposto com o músculo mais resistente da frente fera esta bursite.". Pensei enlouquecida "BURSITE NO QUADRIL?!" e perguntei, com uma leveza jedi que desconhecia em mim, se isso era possível e comum, e ele disse que em pessoas jovens como eu (um carinho depois do primeiro tapa na cara), não era comum, e que ainda poderia ser tratado com musculação (slap e nocaute!).
   Eu fazendo musculação? Ah, tá!
   Meu diagnóstico foi de "bunda mole". Eu tenho uma bunda mole e poderia ter prevenido isso, agora será uma porcaria de história de superação. Bem... eu espero que seja, pois depois que ele me deu uma injeção no local da bursite eu soube que posso deixar piorar e depois fazer fisioterapia e receber injeções diárias de corticoide.
   É isso aí, agora pego-me a pensar "o que eu odeio mais? A dor e tratamentos com injeções diárias ou musculação?", de forma séria, como se fossem opções e não outra coisa que falta de opção.
   Nós não nos prevenimos e depois fazemos o maior esforço para superar e aí resolvemos virar heróis! Mas que estupidez! Sei disso por que eu sou heroína do "só mais um dia", já a seis anos. Eu parei de fumar. Mas olha como foi a minha heroica história de superação: resolvi parar de fumar por que não tinha dinheiro para continuar fumando e fazendo faculdade. Passei em uma pneumologista que me indicou um remédio que me fez parar de fumar, eu só tive que me controlar depois de 4 meses. Cara, vale a pena mesmo! Sinto vontade de fumar todos os dias, se bobear, e hoje estou querendo fumar agora mesmo! Mas, quem foram os heróis desta história? Eu? Claro que não, pois foi a médica e a tecnologia da medicina, obrigada por isso, gente!
   Hoje parei para pensar. Sabe o relógio que todos temos em nossos corpos? Aquele que te manda comer, evacuar, beber, uriar e etc? Eu não e me previno e hoje venho sofrendo com isso. Gostaria de faz uma analogia deste relógio com  agenda. 
   Uma agenda serve para organizar suas obrigações, deixar você ciente de horários versus coisas a fazer, através de prioridades. Eu te pergunto - e a mim mesma - : Qual a tua prioridade na sua agenda diária? Vai agora o que posso pensar sobre a minha:
                           1 - Trabalho;
                           2 - Trabalho;
                           3 - Trabalho;
                           4 - Lavar roupas (pseudo trabalho);
                           5 - Resolver coisas;
                           6 - Resolver coisas;
   Todo o resto é  seguinte:: "urgência", "quando der", "se sobrar tempo", "agora não". Outra coisa para divagar sobre a questão tragicômica da prevenção. Seu intestino te dá alertas sempre nas mesmas horas e condições? O meu dá, mas ele não está lá na minha agenda, está? É, e isso é um problema, pois em geral acaba me atrasando para o serviço, ou gerando uma situação constrangedora de luta entre ele e eu. 
   Desde que me lembro ele está no campo "urgência" ou "quando der", no geral mesmo no "agora não". Depois detantos anos assim, aprendi que tenho que dar um horário para ele nesta agenda... mas não faço. SE eu falo para ele "agora não", ele pode não se expressar mais por dias, e isso é recalque da sociedade em relação a mulher... disse meu gastro. Se você ouve seu relógio na hora sempre, acaba tendo benefícios. Inclua na agenda as suas necessidades, e naõ em detrimento de outras coisas. Isso não.
   Olhando para esta agenda percebo que falta a hora de descansar, de ler, de escrever meu livro, de namorar meu marido, dar atenção aos pets. Me fala, se eu odeio musculação, vou querer colocar isto na minha agenda? Claro que não! Vai atrapalhar... no que? No trabalho??? Afffff.
   Não quero, mas de fato preciso rever minhas prioridades. Você poderia rever a sua! Prevenir é a melhor maneira de não ter que viver histórias de superação, que só são belas por serem coisas difíceis de enfrentar e que em geral você mesmo acabou gerando para vocês. Boa prevenção, e uma bunda durinha para você!



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