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Toda noite Cassandra lia
antes de dormir, aprendeu isso com sua mãe, mas ela sempre precisava dormir
mais cedo, visto que a mãe a obrigava. Dizia sua mãe que era uma coisa que não
podia controlar: deixar de ter controle sobre ela. Cassandra não entendia bem o
que aquilo significava, sua mãe usava esse argumento só para fechar a conversa,
pois, em geral, dali não lucraria nada além de mais tempo acordada e irritada.
Ela era muito jovem para
quem tinha tantos conhecimentos, mas como se sabe, a restrição de experiência
limita esses conhecimentos grandemente, oportunizando no futuro um estalar de
apropriação de uma nova forma para cada conhecimento quando uma nova
experiência surge. Por isso, pensava Cassandra e sua mãe, quanto mais jovem se
adquire conhecimentos, mais esses conhecimentos crescem com nosso próprio
conhecimento.
Bem, que seja, outra coisa
que fazia Cassandra se garantir no patamar de uma garota inteligente era a sua
clareza de pensamentos. Como explicar isso? Digamos que ela sabia de muitas
coisas, ou melhor: ELA SABIA DAS COISAS. As pessoas achavam aquilo bizarro, mas
ela simplesmente sabia, mas já havia passado tanta desconfiança dos outros que
passou a não alardear os acontecimentos, de forma a tentar manter a melhor
postura diante deles, ainda mais os difíceis como a morte de Rex, se cãozinho
que foi atropelado.
O problema era que não
importava nada saber das coisas, pois nada faria com que elas mudassem... além
de que, percebera a muito tempo, ela não sabia de tudo junto e conectado. Ela
podia saber como Rex morreria antes de acontecer, mas nunca conseguiu saber a
data. Conviver com um saber além de conhecimento era como aprender a lidar com
um estado comum, acostumar-se.
Cassandra tinha muitos
sentimentos, mas a sua mente era mito clara e não se deixava vacilar só por lhe
dizerem que ela estava mentindo ou exagerando. As pessoas tinham prática em
encontrar uma desculpa para colocar no lugar de respostas, e isso ela percebeu quando
já sabia de tudo. Devido a tanta clareza, Cassandra parou de procurar desculpas
para colocar no lugar de respostas e isso a fez muito estranha. Bem, se
dependemos de pessoas para dar significado aos conceitos do ponto de visa do
conhecimento, e elas é quem deveriam achar o que é estranho, ou fazer um padrão
para que o diferente fosse o equivalente ao estranho, bem, Cassandra sabia que
as pessoas a achavam estranha. Sua mãe também a achava muito estranha, sua mãe
também é mito estranha... então para que pudesse proteger Cassandra a mãe de Cassandra
a controlava ao máximo, porém, buscava dar-lhe a maior liberdade possível para
que ela fosse ela mesma e sempre a melhor versão de Cassandra, a cada dia. Não
que isso justifique o excesso de controle de qualquer pessoa.
Um causo interessante sobre Cassandra
foi um acidente que ela sofreu, um acidente de carro. Ela já sabia das coisas,
e esse acidente foi extremamente longo do ponto de vista de desenrolamento em
acidente. Não foi uma batida rápida e fugaz, foi um capotamento lento, duro
como o tempo batendo no relógio, repetido e Bum-Plac-Prum-Plá. Odeio usar
onomatopeias, mas como explicar algo que é sensorial? Sinta.
O carro bateu em outro
carro, passou por cima do carro que não era deles, dentro ela estava de cinto,
assim como a mãe, e seu corpo foi projetado para frente e para baixo, contra
aquele acessório que as salvou. A dor em seu corpo, na extensão daquele cinto
era como o capotamento nos carros, quebrou-lhe algumas costelas. Ela não piscou
em momento algum, ao menos se lembra de ver todas as capotadas uma BUM, duas
PLAC, três PRUM e quatro PLÁ. Quando o automóvel estabilizou viu que a sua mãe
ficava sem ar, parando de respirar e o coração desistia. Ela sabia que não era
aquele momento. Sua mãe não morreria. Não ficou desesperada. Contou os segundos
e foram retiradas do acidente e a mãe ressuscitada.
Naquela noite, a do começo
desse conto, Cassandra estava lendo “O poço e o pêndulo” quando ouviu o barulho
como o apocalipse, interrompendo-a bem na parte em que o pêndulo desce resgando
o homem. Não ficou desesperada, pois sabia que havia uma turbina de avião sobre
a cama da mãe, que estava lendo também.
Sempre do ponto de vista de crianças, suas protagonistas, os contos da Obra Perturbadora pretendem mexer com seu leitor, trazendo experiências de leitura com finais abertos e incongruências propositais, que podem até parecer em primeiro momento uma falha da autora, porém, o resultado no leitor é, em geral, atingido e previsto durante a sua produção.
Prepare-se para sentir estranheza, insegurança, suspense, violência, e principalmente a expectativa que traz a melhor sensação do suspense. A autora busca em alguns contos contextualizar o seu leitor para depois apresentar um desfecho incongruente ou violento, ou de uma forma muito distinta não contextualiza o leitor e dá toda a situação ocorrida e o que se espera é que a experiência do leitor trabalhe com as questões que surgem, de forma a trazer à tona a própria identidade do leitor, seja instigando-o a buscar respostas que não terá, a se revoltar com a falta de informação desejada ou a lidar com o prazer da sensação atingida na leitura. Que tipo de leitor é você? Um detetive, que quanto mais instigado mais busca saber? Um frustrado que para a leitura por não aceitar o jogo da autora? Um imaginativo que complementa as histórias com as possibilidades e se delicia, seja com o contexto que lhe é cobrado ou com o desfecho que é incongruente?
Descubra-se lendo a Obra Perturbadora, contos curtos e rápido de terror, mistério e suspense que trazem desde os mais clássicos terrores psicológicos até os mais modernos, influenciados por Edgar Alan Poe, Stephen King, Lovercraft, entre outros, além de o cinema do século XX e XXI.
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