
Venho
me preparando para falar disso a muito tempo, mas não sabia como dizer e tenho
medo de falar bobagens, mas não vou esperar mais, há quem precise ler isso
urgentemente e não é para afagar corações, mas para fazer refletir e talvez até
doer mais.
Eu
já senti esse amor, não falo dos caras em que eu ficava pensando e a fantasiar
sobre eles sexualmente na minha adolescência, falo daquele que é tão puro que
nem dá vontade de beijar na boca, só dá vontade de estar ao lado, ouvir a voz e
trocar olhar. Esse amor é o amor ideal.
Há
o idealizado, que é aquele que nós sentimos no começo de qualquer relação, onde
o parceiro sempre é tudo de bom, ele só mostra o seu melhor lado e você o seu,
até que num repente descobrimos que ele mastiga de boca aberta, ela deixa seu
cabelo bagunçado ao te beijar, e assim vai.
Agora
o amor ideal é aquele que você conhece alguém que você gostaria de ser. Ah,
esta pessoa não é perfeita, pelo contrário, não é atraente fisicamente, nem
mesmo se fosse arrumada pela equipe da globo. Mas aos poucos você vai se
relacionando com ela devido às circunstancias que não lhe cabem escolher e vai
percebendo e vendo aquilo que narciso viu na água, você no seu ideal de vida,
sendo como aquela pessoa. Isso lhe dá vontade de ter essa pessoa para você
poder ser ela de vez enquanto.
Tudo
isso faz você pensar muito nela e aí até mesmo o feio bonito lhe parece! Ah,
´tá, “o amor é cego” também é uma coisa que faz isso, mas aí não vem ao caso do
amor ideal, e sim do amor erótico que cumpre outras mil funções como o próprio
feromônio, que faz-nos atrair por pessoas “feias”, por exemplo. Já o amor ideal
acontece por ter quesitos próprios do desejo individual do que você gostaria de
ser e ter e então acha que está amando
eróticamente a pessoa que você enxerga, mesmo que a conheça profundamente, mas
ainda assim o que importa nela é o que ela tem de melhor e que você quer ter
tudo aquilo.
É
complicado, não? É como não conseguir amar a si mesmo e amar o outro apenas
pelo fato de ele ser o que você será em breve, ou o que você acha que será um
dia, mas que realmente naquele momento é o que gostaria de ser. Quase como um
jeito de se amar sem se sentir culpado, já que o reflexo desse amor no outro é
apenas seu desejo de ser, então na verdade você não ama a outra pessoa e está
tentando amar a si mesmo, e como numa licença poética e do superego isso parece
mais humilde que o narcisismo.
Seu
interesse pode ser a idade, pode ser a condição financeira, a liberdade sexual,
o autocontrole, a maturidade, até mesmo a força espiritual. Encontrar em alguém
o que você quer ser não te faz amar a pessoa de forma erógena, mesmo que possa
vir umas dúvidas e a confusão se determinar na sua cabeça. Pense bem nisso
antes de se culpar, permita-se isso e viva isso. É conturbador, mas também faz
com que possa ultrapassar muitos conceitos e medos que você possa não entender.
Lide com isso e não fuja. Ou fuja e não lide. Vai dar quase na mesma, você vai
descobrir que não era esse tipo de amor, e o resto vai depender se você fugiu
ou ficou para aprender a amar-se.
O amor transforma o "ser" num "querer ser" do Outro. Quem ama é um imóvel, alguém que pára o tempo mesmo que o corpo se deteriore. O desejo não, este é movimento puro, incontrolável, por isso está suscetível ao tempo. O amor ideal se confunde com a inveja. Enquanto a inveja tem desejo em excesso e se realiza na destruição do objeto amado; o amor ideal não tem desejo ("nem dá vontade de beijar na boca"), por isso não sai do lugar. A fatura dessa equação se dá em igualar a zero o desejo e o amor. É na anulação do desejo e do amor que o Eu se estabelece e se firma. Mas será que o Eu pode controlar para sempre o amor e o desejo? Talvez não. Por isso, quem ama se fragmenta no outro.
ResponderExcluirPra complementar:
ResponderExcluirEu Te Devoro
Djavan
Teus sinais
Me confundem da cabeça aos pés
Mas por dentro eu te devoro
Teu olhar
Não me diz exato quem tu és
Mesmo assim eu te devoro
Te devoraria a qualquer preço
Porque te ignoro ou te conheço
Quando chove ou quando faz frio
Noutro plano
Te devoraria tal Caetano
A Leonardo DiCaprio
É um milagre
Tudo que Deus criou
Pensando em você
Fez a via-láctea
Fez os dinossauros
Sem pensar em nada
Fez a minha vida
E te deu
Sem contar os dias
Que me faz morrer
Sem saber de ti
Jogado à Solidão
Mas se quer saber
Se eu quero outra vida
Não! Não!
Teus sinais
Me confundem da cabeça aos pés
Mas por dentro eu te devoro
Teu olhar
Não me diz exato quem tu és
Mesmo assim eu te devoro
Te devoraria a qualquer preço
Porque te ignoro ou te conheço
Quando chove ou quando faz frio
Noutro plano
Te devoraria tal Caetano
A Leonardo DiCaprio
É um milagre
Tudo que Deus criou
Pensando em você
Fez a via-láctea
Fez os dinossauros
Sem pensar em nada
Fez a minha vida
E te deu
Sem contar os dias
Que me faz morrer
Sem saber de ti
Jogado à Solidão
Mas se quer saber
Se eu quero outra vida
Não! Não!
Eu quero mesmo é viver
Pra esperar, esperar
Devorar você
Eu quero mesmo é viver
Pra esperar, esperar
Devorar você
Viver, viver
Pra esperar você
Quero viver
Pra esperar você
Quero esperar você
http://letras.mus.br/djavan/45523/