Cortei
o cabelo! E não, meu caro leitor, não foi pouco! Para você ter uma ideia, meu
cabelo está acima do ombro neste momento, e no chão do salão ficou trinta
centímetros em fios que, segundo a cabeleireira, davam conta de três cabeças.
Este
mote vem devido à reação dos outros, tanto dos que gostaram quanto dos que não
gostaram: Você é corajosa! Parei para pensar, realmente não corto tão curto
desde que eu adolesci, porém, sempre que eu corto vão-se trinta centímetros de
cabelo, mas eu só faço isso de dois em dois anos. O fato é que
isso não parece ser frequente, apesar de
a frequência existir, se é que me entende!
Eu
acredito que a citada coragem esteja
associada à questão de identidade, pois desde meus quinze anos as pessoas me
identificam com os cabelos longos. AMO cabelos longos e me identifico com o Hair, e esperar dois anos para que eles
cresçam e então cortar “impiedosamente” mais de sua metade de comprimento
parece loucura.
A
identidade dos cabelos longos está ligada à resignação, espera, desejo,
realização, tarefa difícil, paciência e todo o mais. Já os cabelos curtos – ou ao
serem cortados - remetem à rebeldia, quebra de expectativa, desistência de
luta, perda das forças. Dessa forma cortar os cabelos longos é sempre uma coisa
tida como negativa.
Então,
cheguei à conclusão de que a reação de admiração negativa dos outros vem a
partir disso. Não digo que eu não sinta nada quando chega a hora do ritual
bienal, mas já me acostumei e não sinto-me mal e nem me entristeço, é claro que
dá aquela sensação de me perder! Porém eu não assumo essa identidade, pois
é só o meu cabelo.
Chegar à transcendência
em relação à esta visão cultural levou muito tempo. Eu consegui isso, e ainda é
tão pouco que não me faz melhor que ninguém, é apenas um pequeno passo de um
grande caminho de desapego de normas e costumes de senso comum desnecessários, rumo ao 42!
Exagerada
eu? Que nada! ;)
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