terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Encaixotando Clarice

Eu sou gorda, mas gorda não posso ser,
Por ser mulher, ao me verem gorda
Felicitam-me pelo bebê, perguntam para quando vai ser.


Melhor justificar o formato do meu corpo
Por condições variáveis e mais aceitáveis
Que entender que eu sou gorda, é o melhor escopo.


Você não é gorda, me dizem com o tempo,
Depois que me conhecem,
Mas eu sou, não há dúvidas, eu me contemplo.



Mas é uma gorda bonita!
Tenho o defeito de ser gorda, e me abrem exceções,
Da minha descrição o pejorativo de gorda
submerge em minhas qualidades, citadas pela boca alheia



Posso ser gorda, posso ser gorda e bonita,
Não preciso justificar o tamanho da minha barriga.
Mas é pela minha saúde...
Bem, estou muito bem obrigada.



Eu sou gorda, e gorda eu posso ser,
Me aceitar é um problema seu
Que em mim deseja sistematicamente reter.



Eu sou gorda e gorda eu posso ser,
Seu olhar quer me minimizar
Para me encaixotar, mas sou mais
Nunca vou nesta caixinha caber.
Tenho altas medidas, altos conceitos, altas qualidades.



Boa sorte com sua caixinha,
Não tente me encaixotar.


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